Sem ruídos

domingo, junho 19, 2005

Escuridão (II)

Tento acalmar-me. Sinto a minha pele deformada. Passo a mão pela cabeça e a minha cabeça foi rapada. Tento concentrar-me e lembrar-me da última coisa que fiz, do último local onde estive. Mas não consigo! Lembro-me de há alguns anos ser escriturário no departamento de segurança do minstério da agricultura. Depois disso acho que estive no mistério da justiça, mas não me lembro as minhas funções.
Não sou casado e não tenho filhos. Moro só num pequeno apartamento na baixa da cidade. Ando sempre de metro ou a pé. Levanto-me às 6:54, tomo duche, tomo café e vou para a rua, caminho cerca de 700 metros e apanho o metro das 8:11 para Campo Vilar, o seu trajecto demora sempre 17 minutos.
Sempre fui púdico a mostrar o meu corpo. Ainda me lembro na praia ou na piscina, sempre me senti pouco à vontade, quando as raparigas olhavam para os meus peitorais musculados do ginásio ou para a elegância de todo o equilíbrio corporal. E agora estou aqui nu, neste quarto escuro, sem preconceitos e prejuízos.
Passa-me pela cabeça gritar, mas isso é daquelas coisas estúpidas que as pessoas fazem nos filmes. De que me adianta gritar? Só se for mesmo dar a conhecer que acordei e estou pronto para saber o que verdadeiramente se passa. Mas como não sei um dos próximo passos será bom para mim é preferível ficar aqui quieto e calado.
Do lado de fora não ouço nada, não consigo supor onde esteja. Não sei o que me rodeia, nem suponho se realmente alguém está do outro lado!

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