Sem ruídos

domingo, maio 08, 2005

Foi ontem, já passou...

Estranho, deixei-te à porta de casa. Já andei 50km, agora ouço Bloc Party, sentado neste café. Já coloquei um pacote de açúcar ao bolso. Não foi quando te deixei, já tinha sido antes. Houve alturas em que falavas e eu não estava a escutar. Sei o que dizias, mas ao mesmo tempo estava abstraído noutro local, com o pensamento em ti mas em mim. De repente, tinha deixado de ter importância, tinha deixado de fazer sentido. Tu tinhas dito, espera mais uma semana, pois acho que uma semana foi tempo demais. Nunca escondi o que sinto por ti. Tu entraste em casa, eu senti-me, tu sentiste-te estranho, o teu olhar não mente. Não sei, penso nas férias. Este CD é muito bom... Só me apetece levantar e dançar. Falavas, eu ouvi, e pela primeira vez não senti pressão em ter que falar. Sei que era o que esperavas - que eu respondesse, mas pela primeira vez não senti necessidade "i'm on fire, 'cause i'm on fire". Eu desejo-te, mas tenho medo que as tuas características, as tuas particularidades se tornem defeitos, daqueles defeitos que se tornam insuportáveis, em que tu abres a boca e eu abstraío-me, não ouço. Ouço mas não estou lá! Não tenho medo de te perder, não tenho medo de te conquistar. Ontem inventei um som e um desenho para o medo. Ele era lindo, ficava tão bonito à minha frente no papel. Olhava para ele. Ele sorria para mim. Mas o medo não sorri, o medo assusta. Mas porque não tive medo do medo? Porque é que ele me faz companhia? ...
Chegáste, tive de parar de escrever... a conversa foi muito agradável... se me tivesses visto, ias ficar orgulhoso de mim, pois eu comunico, falo, converso, discuto, debato, comunico... não sei porque não o faço contigo! Falei de muitas coisas, escutei com atenção muitas mais... mas não quero misturar todos estes sentimentos, que têm de estar separados, pertencem a pessoas diferentes, uma não tem a ver com a outra... Oh Róisìn Murphy, sow into you, sow into me... canta ao meu ouvido, liberta-me... durante o café revivi a história da rapariga com um coração maior do que o próprio corpo, sim aquele coração tão grande que as pessoas olham de lado e não conseguem lidar, aquela capacidade de entrega, de gostar, de amar, que nos ultrapassa, cresce a cada minuto em que penso em ti... pelo caminho, apeteceu-me tornar possível que todas pessoas ouvissem a música (Wires dos Athlete, que todas as pessoas amassem, que a chuva começasse a cair dos céus, que o som do mar chegasse um pouco mais perto, que aquelas luzes ao fundo não fugissem de mim, queria queria queria... como se chama uma pessoa que muito quer?)
Pétalas de milhares de flores voam pelos campos verdes, as pedras da calçada desviam-se para te fazer sentir o chão cru daquela terra que eu quis sacrificar... como foi possível, como tudo chegou aqui e agora não consegue voltar para trás nem sabe para onde caminhar... felizmente amanhã é um novo dia.

0 Comentários:

Enviar um comentário

<< Home